segunda-feira, agosto 09, 2010

A verdade sobre a neutralidade da rede - google+verizon

Você é a favor ou contra a neutralidade na rede? É verdade que há algo acontecendo entre o Google e a Verizon, e o cerne da discussão é a neutralidade da rede. Ambas as empresas estão promovendo a mais longa negociação à portas fechadas da história, e cada uma apresenta ao público apenas parte de suas visões sobre o tema. O Google se mostra a favor da neutralidade, enquanto a Verizon se diz contra. Mas afinal, pelo que elas estão disputando? A linha base de tudo é: o Google gostaria de ver os provedores de rede reconhecer que existe diferença entre os bits e dar tráfego diferenciado para pacotes de dados contendo áudio e vídeo. A intenção daempresa é que os ISPs invistam em suas infra-estruturas, para a diferenciação de tráfego, mas sem a perda da privacidade.




Claro que o Google está com os dois pés cravados no mercado. Sua intenção é que seu serviço FiOS seja valorizado, já que o mesmo se mostra tão em alta nas requisições pela rede. Nesse tipo de rede de alta velocidade, uma entrega de pacotes consistente é uma das coisas mais importantes para dados diferenciados. O Google e seu famoso Portal de vídeos YouTube só terão benefícios no processo.

Para quem não lembra, recentemente o Google "retirou o selo" de limitação de seu serviço de vídeo para todos os seus usuários, permitindo que todas as produções futuras de seus usuários tivessem "5 minutos a mais de fama". Resumindo: os vídeos no YouTube agora permitem 15 minutos de execução, contra os 10 minutos anteriormente limitantes do portal. E com o atual avanço tecnológico, e principalmente o barateamento da banda larga nos principais mercados do mundo (i. é, as grandes capitais), seu portal de vídeos tende a se tornar um produto cada vez mais lucrativo.

De certa forma o Google tem razão: se você não separa seus serviços na rede, você causa problemas para os que mais precisam de exclusividade na largura de banda permitida. E com isso os vídeos são os primeiros a sofrerem com latências ou mesmo jitters. Quem nunca teve problemas com uma péssima conexão via Skype onde ambos os lados não conseguiam se comunicar, já que as respostas de voz chegavam totalmente entrecortadas, truncadas, e deficitárias? Se os backbones dessem prioridade para esse tipo de pacote de dados, isso não aconteceria.

Claro que para vídeos, o processo visa mais a paciência do usuário, que precisa aguardar que todo o vídeo seja carregado para então poder assistir. já os mais apressados, que adoram ver os vídeos em execução simultânea com sua requisição na rede, sofrerão com frenéticas pausas em sua execução o que perde o sentido de assistir a um vídeo. Mas claro que o pior problema está nas execuções em tempo real, como um live-stream. Já pensou que martírio seria assistir a uma partida de futebol ao vivo pela Internet?



E onde está a neutralidade tão aclamada pelo Google nessa negociação, a princípio "comercial", com a Verizon. De acordo com Eric Schmidt, CEO da empresa, o Google deseja que os tipos de dados sejam reconhecidos e isolados em largura de banda dedicada, mas os mesmos não devem ter prioridade sobre seus semelhantes. Não entendeu? Resumindo. Os tipos de dados devem ser reconhecidos e ter seu espaço no tráfego da rede mundial, mas um vídeo de uma companhia não pode ter preferência ao vídeo de outra empresa. E o que a Verizon parece estar propondo, é que aja uma "discriminação" mediante pagamento para implementar essas "políticas descriminatórias". E isso o Google, Yahoo, e mais uma série de empresas na Internet, são completamente contra. 

Como muitos de vocês já devem estar cansados de saber, os ISPs parecem gostar de investir em suas infra-estruturas apenas quando o lucro (sempre imediato) compensar várias vez\es o investimento inicial. Aparentemente, a Verizon e suas similares só estariam interessadas em investir na diferenciação do fluxo de dados pela grande rede se elas pudessem ter lucro sobre o processo.

O problema, além da perda de neutralidade, desleal na visão de muitos, é o perigo dos crescentes monopólios. Como descrito em um artigo anterior aqui no Under-Linux, muitas ISPs estão se tornando proprietárias de conteúdos, sendo parte integrante de empresas de televisão ou mesmo conceituados estúdios ou grandes imprensas mundiais. E com essa diferenciação, parece ser óbvio que as mesmas darão preferência de banda e tráfego apenas para seus conteúdos, limitando o restante, tudo em nome do lucro.

Como sempre, google e seus mistérios! 

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